01/04/1985

Eletricidade (1991)

21
Bozzo Barretti,Alvin L.

Parece que o tempo parou
Cansado de lugares comuns
Um truque barato
Pra maiores de 21

Saber do que gosta
Sem gostar de tudo que se sabe
Parece que estamos perdidos
Sem saber o que dizer

Quem matou John Kennedy
Quem descobriu o Brasil
As melhores coisas
Se aprendem na escola
Mas não na sala de aula

Não sobrou nada a não ser
Sair pra dançar
Até gastar os sapatos
Cintos de segurança
Se por acaso anoitecer

O que é raiz quadrada
Onde fica a África do Sul
As melhores coisas
Se aprendem na escola
Mas não na sala de aula

Quem matou John Kennedy
Quem descobriu o Brasil
O que é raiz quadrada
Onde fica a África do Sul
Quem inventou a bomba atômica
E por quem os sinos dobram?
As melhores coisas
Se aprendem na escola
Mas não na sala de aula

O PASSAGEIRO
THE PASSENGER - IGGY POP/RICK GARDNER Versão: Dinho, Bozzo Barretti

Eu sou passageiro
Eu rodo sem parar
Eu rodo pelos subúrbios escuros
Eu vejo estrelas saírem no céu
É o claro e o vazio do céu
Mas essa noite tudo soa tão bem

Entre no meu carro
Nós vamos rodar
Seremos passageiros à noite
E veremos a cidade em trapos
E veremos o vazio do céu
Sobre os cacos dos subúrbios daqui
Mas essa noite tudo soa tão bem

Cantando la la la la la la la la
la la la la la la la la
la la la la la la la la

Olhe o passageiro
Como, como ele roda
Olhe o passageiro
Roda sem parar
Ele olha pela janela
E o que ele vê?
Ele vê sinais no céu
Ele vê as estrelas que saem
Ele vê a cidade em trapos
Ele vê o caminho do mar
Tudo isso foi feito pra mim e você
Tudo isso foi feito pra mim e você
Simplesmente pertence a mim e você
Então vamos rodar e ver o que é meu

Cantando la la la la la la la la
la la la la la la la la

Olhe o passageiro
Que roda sem parar
Ele está seguro ali
Conhece o mundo pelo vidro do carro
Vê isso tudo e sabe que é seu
Ele vê o vazio do céu
Ele vê cada estrela sair
Ele vê a cidade dormir
E tudo isso é meu e seu
E tudo isso é meu e seu
Então vamos rodar e rodar e rodar e rodar e rodar

ELETRICIDADE
Alvin L., Bozzo Barretti, Dinho

Eletricidade
Ligação direta
Com certas partes
Do meu corpo

Eletricidade
Correntes alternadas
Bocas e quadris
Em alta velocidade

É só olhar
Que eu sinto a Terra tremer
É só tocar
Que voam fagulhas entre eu e você

Eu ouço sinos tocando
Eu vejo cidades queimando
Eu dou a volta ao mundo
Em menos de um segundo

Eletricidade
Fios descobertos
Cinco mil megawatts
Entre os meus braços
Eletricidade
Tensão e sobrecarga
Pólos opostos
Em eletroatividade

NOITE E DIA É SEMPRE ASSIM
Dinho, Bozzo Barretti

Longe da confusão de fora
O momento perfeito
Parece estar aqui
E depois evapora
Longe da confusão de fora
Basta uma centelha
E pega fogo como gasolina

Conheço as noites do fim do mundo
Mas não consigo evitar
Palavras cruzam o ar e queimam
Não há como me esquivar

Por mais que eu tente
Me acertam em cheio
Por mais que eu tente
É como um carro sem freio

Noite e dia
O refrão é sempre assim
Noite e dia
Eu faço por você o que você fizer por mim
Eu faço por você o que você fizer por mim
Fizer por mim

KAMIKAZE
Alvin L., Fê Lemos, Dinho, Loro Jones, Bozzo Barretti

Você não me deixa respirar
Você é tudo que eu não posso ter
Você me deixa sem ar
E eu sei que é só mais um truque
Tentando acertar
Tentando acertar
Onde quer que machuque

REFRÃO: Kamikaze como quase sempre
Eu mudo de idéia
Sem você perceber

As armas que eu tenho
As armas que eu quero ter
As armas que eu uso
Só ferem você

Você não me deixa respirar
Mesmo longe de mim
Me olha de frente
Por onde eu ando você já passou
O que eu busco você já achou

Refrão

NOSSO FIM
Bernardo Vilhena, Dinho, Loro Jones

Ninguém na sala
Nas noites de verão
Ninguém me fala
Você no coração

Horas não passam
Nada é só ilusão
Está na cara
Estou na sua mão
Você me cala
Pra que opinião

Horas não passam
Nada é só ilusão
Ondas sem graça
Nada

Ninguém entende a paixão
Um sim pode dizer não
O amor é a solução

Não tem palavras
Pra dizer
Tudo que eu sinto
Perto de você
Tudo, tudo é só ilusão

Dentro da sala
Você na minha mão
Tempo de caça
Artifício da razão

Horas não passam
Nada é só ilusão
Ondas sem graça
Tudo

Ninguém entende a paixão
Um sim pode dizer não
O amor é a solução
Ninguém entende a paixão
Um não pode dizer sim
O amor é o nosso fim

O PROFETA
Dinho, Bozzo Barretti, Loro Jones

Quando todos dormem
E os sonhos vêm com alívio
A cidade selvagem
Morde como um animal
Conheço essa paisagem
E a lei do mais forte
Conheço essa paisagem
Mas confio na minha sorte
Eu vejo, sim eu vejo vício e dor
Eu vejo, sim eu vejo balas e também amor
Eu vejo, sim eu vejo tensão no ar
Eu vejo, sim eu vejo o medo por todo lugar

REFRÃO: Todo mundo, todo mundo
Todo mundo olha mas ninguém vê

Veja a cidade
Onde mentiras
De tanto repetidas
Se tornam verdade
Quem não sabe não aprende
Olha mas não vê
Escuta mas não entende
Olha mas não vê
Vejo sangue e solidão
Eu vejo, sim eu vejo culpa e também perdão
Eu vejo, sim eu vejo o fim é iminente
Eu vejo, sim eu vejo fé mas Deus ausente

CAI A NOITE
Mark Rossi, Loro Jones

Cai a noite na cidade
Vinda de lugar nenhum
E o dia vai embora
Indo pra lugar algum
Não sentia fome
Não sentia frio
Sentado num canto
De um quarto vazio

Quando a chuva cai ]
Nas noites mais solitárias ] REFRÃO
Lembre-se que sempre ]
Estarei aqui ]

Sombras e pensamentos
De um sonho só esperança
Nas paredes ecoavam
O silêncio e a lembrança

Entre ruas desertas
Ele está só de passagem
Da vertigem e tontura
Surgiam todo tipo de imagens

Refrão

Se virou e alcançou o céu
E a última estrela
Nada deixava passar
Tudo lembrava ela

Refrão

Nasce o dia na cidade
Vindo de lugar nenhum
E a noite vai embora
Indo pra lugar algum

CHUVA
Fê Lemos, Bozzo Barretti

Se as nuvens ficam escuras
É porque vai chover
Se o céu está clareando
É que o sol vai nascer

Será que é tão difícil dizer aquilo que você sente
Será que você diz a verdade ou então você mente

Vê se assume o que você quer dizer
Eu já decidi o que eu quero fazer
Você não sabe muito bem onde ir
Não tente me confundir

Quer chuva? Deixa rolar
Afinal as nuvens estão ou não estão carregadas?

Você tem vontade de olhar mas não abre seus olhos
Você tem vontade de amar mas não abre seus braços

TODAS AS NOITES
Alvin L., Bozzo Barretti, Dinho

Todas as noites são iguais
Os meninos satisfeitos
E as meninas querem mais
Sonhos caem como chuva
Nada é verdade
É só por mera diversão

Hoje à noite tudo pode acontecer
Quem olhar nos olhos
Vê bares e sedução
Num canto escuro
Pequenos goles de solidão
A noite esclarece o que o dia escondeu

Meia noite, noite inteira
3, 4, 5 da manhã
Eu vou embora mas eu
Sempre volto atrás
Porque as noites são todas iguais

Todas as noites são iguais
De longe os disfarces parecem reais
Mãos me vestem como luva
É tarde demais
E eu não consigo dizer não

Hoje à noite é cedo até amanhecer
Quem olhar nos olhos
Vê estrelas no chão
Num canto escuro
Pequenos goles de solidão
A noite esclarece o que o dia escondeu

DANCE ANIMAL DANCE
Alvin L., Bozzo Barretti, Dinho

Dance animal dance
Dance pela distorção
Que sai da minha boca
Como balas de canhão

Dance animal dance
Dance com convicção
Dance animal dance
Com as mãos e com os pés
A rumba atômica
No volume 10

Dance animal dance
Feche os olhos faça um pedido
Quem sabe no final
Quem vence é o bandido

Tem um deserto no seu rosto
Tem um cactus na sua mão
Daqui eu posso ver o seu sorriso rachando
Ao mesmo tempo que o seu coração

TERRA PROMETIDA
Mark Rossi, Loro Jones, Fê Lemos

Vivemos numa terra prometida
Que há muito tempo
Deixou de ser oásis
Dela só restam cicatrizes
E nas paredes tatuagens

Nesse deserto sem areia ]
Injustiça seja feita ]
A cada dia da ganância ]
Surge uma nova seita ]
E da falta de esperança ]
Aquele que cala e aceita ] REFRÃO

Se esperar é a questão ]
Dias melhores não virão ]
É hora de nós mesmos ]
Recolhermos os brinquedos do chão ]

A ameaça não é mais
Só um ataque nuclear
É a política de terra arrasada
Da espécie abençoada
É o instinto de destruição
Moldando o mundo a sua feição

Refrão

CHAMANDO TODOS OS CARROS
Bozzo Barretti, Alvin L., Dinho, Loro

Chamando todos os carros
Tomem posição
Vai começar o desfile
Primavera-verão
De piadas mortais

Em primeiro lugar o maior
Show sobre pernas
Deste lado da Terra
Ela chora e grita
E no meio do ataque
Corta os pulsos
E sangra conhaque

Chamando todos os carros
O show não pode parar
Chamando todos os carros
O show acaba de começar

Os melhores cambistas
Os melhores ingressos
O show acontece
Aqui e agora
Os melhores lugares
São do lado de fora

Chamando todos os carros
O show não pode parar
O que começa quando acaba
Acaba de começar

Novos jogos, novos vícios
Novos fogos de artifício
A seguir o homem que com apenas um sorriso
Faz um país inteiro chorar

AUÁ-AUÁ !!!
Fê Lemos

Se eu não tenho mar, nem um puto
Nem alguém para amar
Tudo que eu posso fazer
É cantar
Auá-auá!!!

/ FICHA TÉCNICA /

1991 - ELETRICIDADE
Gravadora: BMG Ariola
Lançamento: Agosto de 1991
Produzido por Reinaldo Barriga. Gravado e mixado nos Estúdios Transamérica, São Paulo, durante o inverno de 1991. Mixagem por Carlinhos Freitas e Reinaldo Barriga.

/ CRÍTICA /

1991 - ELETRICIDADE

M.A.G - Revista BIZZ - 1991

Entra ano , sai ano e o Capital continua aí, lançando seus discos, emplacando um hitzinho de vez em quando...e nada muda. É verdade que, aqui, eles estão um pouco mais ousados do que de costume. Numa tentativa de fusão entre o metal e a dance, usam samplers, misturam batidas e guitarras, citam até frases da disco. Mas para que tudo isso funcionasse, seria preciso que o grupo demonstrasse um pouquinho de talento - coisa que eles, definitivamente, nunca tiveram.